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sábado, 25 de setembro de 2010

Ressignificar sempre

Os tempos são outros e a "cartilha", exaustivamente trabalhada, não é mais parâmetro para a formação de professores que pretendem ingressar na realidade da educação brasileira. Pelo que sabemos, não há interesse algum, concretamente falando, por parte do Congresso, em melhorar o currículo escolar e, quando a pressão neste sentido fica evidente, a proposta "inovadora" é criar disciplinas novas, fragmentando ainda mais conteúdos que precisam ser trabalhados de forma interdisciplinar, inseridos numa visão sistêmica. Não estamos aqui a menosprezar o que tem servido de norte em termos de conteúdo, mas havemos de convir que contribui muito pouco para o enfrentamento da realidade dura de salas de aula brasileiras e muito mais de perto, as nossas aqui do nordeste. Concordamos que a adesão à novas tecnologias é preponderante, mas não estamos a falar desse recurso e sim, da exploração, no bom sentido, da criatividade, do imaginário, da vivência de cada aluno, para formatar os pilares da sua atuação no futuro, porque ele - o profissional bem preparado - conduzirá a nova geração por caminhos bem mais pés-no-chão. É incontestável que o ensino acadêmico tem recepcionado um alunado, significativamente, heterogêneo, no que se refere ao aspecto congnitivo. Consequentemente, tem sob a nossa guarda, turmas que não desenvolvem o quanto deveriam por conta do despreparo e da defasagem que apresentam de conteúdos básicos, de lá do início da vida escolar. Acreditamos que a solução para o ensino não está nas decisões tomadas pelas instâncias superiores e por aqueles considerados de notório saber em educação (conceito muito discutível se tomarmos por base de análise a teoria e a prática), quando permitem a adoção de quotas para o vestibular e a queda acentuada da média para aprovação nos níveis fundamental e médio (obscurecendo o fracasso em termos de aprovação do ensino público, consequência do mal ensinado e do mal aprendido). O mais coerente e o mais efetivo seria buscar a qualidade de ensino, e esta só será encontrada quando houver uma preocupação com as causas que levam a isso. É inadimissível que professores da rede pública que representam a excelência no ensino privado, não produzam da mesma forma e com os mesmos resultados. O que está faltando: bons administradores, alunos que queiram realmente aprender, envolvimento da família com a escola, políticas públicas ou investimento real? Acho que um pouco de cada, num trabalho sequenciado, que não morra a cada eleição. Que orgulho hipócrita é esse que seja preciso desmanchar tudo que foi feito pelo antecessor, para que se possa lançar novos projetos - que de novos não têm nada - com uma nova marca. A marca política. Precisamos ser conscientes porque o ensino e a responsabilidade de trabalhar nele é coisa séria.