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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dia do Professor


Lembro-me como se fosse hoje. Estávamos chegando ao primeiro ano do ensino médio - o clássico. Eu optei pelo clássico - tinha muito a ver comigo, pelo aprofundamento na área de humanas, que sempre foi o meu forte. Eu já gostava de ler e escrever também. Convém frisar que a escola daquele tempo não era a extensão da sua casa que lhe conquistava pelo acolhimento e pela liberdade de andar e agir, como é hoje. Era imponente e mantinha uma austeridade e um tradicionalismo muito forte, arraigado nas relações entre professores e alunos, afinal éramos a geração desabrochada da ditadura, quando tudo era proibido. Mas, nada disso interferia no prazer da rotina escolar, o que para a grande maioria das alunas, representava a liberdade da rua sem o olhar vigilante dos pais. Sem falar que o Atheneu Sergipense representava o que de mais sólido tinha, em se falando de educação e de instituição também. Esta transição do Atheneuzinho para o Atheneu perspassava um misto de orgulho e "soberba". Quem não vivenciou os desfiles do dia 7 de setembro, cujos espectadores aguardavam ansiosos, no sol escaldante de depois de meio-dia, a passagem do último colégio - o Atheneu - garboso com sua banda marcial e as meninas e meninos atraentes naquele inesquecível fardamento de gala? Pois bem, a essa altura da minha vida escolar, ainda não tinha conseguido gostar de História, disciplina cursada mais por obrigação que por atração, apesar do que representava para uma bagagem cultural e entendimento de um passado que sustentava os acontecimentos nos dias atuais. A ansiedade desse início das aulas estava pautada na expectativa de quem seriam os professores que estariam conosco neste ano letivo e o quadro docente do Atheneu era composto de excelentes profissionais, - os melhores do estado - mas nem sempre simpáticos aos alunos, adolescentes contidos se compararmos à realidade de hoje, e raros os de postura democrática. A minha turma teve conhecimento que para a áea de História, teríamos a Profª Maria Augusta Lobão, cuja fama era de professora exigente e muito "dura", no sentido de se colocar frente aos alunos. Imaginem vocês que os primeiros dias para mim foram sofridos, pelo que o conhecimento que "supunha" ter da professora pudesse me desestabilizar considerando que História não era a "minha praia", como se diz hoje. Independente disso, o meu comportamento em sala sempre foi de uma postura comprometida, e à medida que os dias iam passando, eu fui me interessando pelo conteúdo trabalhado em sala e começando a achar que havia um certo exagero na propalação de quem seria a Professora Maria Augusta Lobão. A grade curricular propunha um conteúdo que trabalhava, praticamente todo o ano letivo, a Revolução Francesa e me senti atraída pela forma como a professora rebuscava os dados maçantes com as histórias de amor dos seus personagens. Napoleão e sua Josephine, Luis XVII e Maria Antonieta, deixando fluir o seu talento na partilha do conhecimento, e, sem saber, despertando o meu interesse por História, até então, disciplina infértil na minha cabeça de adolescente. Quanto tempo perdido. Valorizo hoje a postura e o talento de uma educadora que mudou comportamentos e conceitos através de metodologia simplista que adotou como sua. Neste 15 de outubro de 2010, avoco a sua lembrança Profª. Maria Augusta Lobão, e em seu nome parabenizo a todos quantos se dedicam a essa jornada de dedicação e renúncia no tortuoso caminho da educação brasileira. Parabéns a nós, educadores, neste Dia do Professor!

Um comentário:

  1. Passei para te dizer que não te esqueci e deixo um beijo e votos de um Natal Feliz e um Ano Novo prometedor.
    Beijocas.
    Graça

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